No segundo dia do Encontro Nacional de Tecnologia, Inovação e Cultura da Advocacia-Geral da União (Enastic AGU), o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, abordou a inteligência artificial como instrumento não só de gestão, mas também de planejamento no tribunal.
O evento on-line começou nessa quarta-feira (1°) e vai até sexta (3), com transmissão pelo YouTube. As palestras acontecem das 8h30 às 12h30 e têm o objetivo de debater os processos de transformação na Justiça, além de promover a troca de experiências e estimular novas formas de pensar o assunto.
O ministro Noronha destacou que, durante a sua gestão à frente do STJ, houve um grande investimento em tecnologia, em especial para “revolucionar os processos de trabalho”. Segundo ele, atividades que antes demandavam todo um setor podem ser feitas hoje de forma mais eficiente e com mais qualidade graças ao uso de softwares. Como exemplos dessa transformação, Noronha citou a publicação dos acórdãos, que passou a ser tarefa de cada gabinete, e a unificação das secretarias dos órgãos julgadores.
“Não deixamos reduzir a qualidade do trabalho; muito pelo contrário, demos mais celeridade e qualidade. Deslocamos uma série de funcionários das secretarias para os gabinetes e outros setores carentes. Esse salto tecnológico foi importante para rever os processos de trabalho”, afirmou.
Redução de processos
O presidente do STJ afirmou ainda que, com o uso da inteligência artificial, foi possível reduzir o número de processos no tribunal, em especial pela triagem e seleção das matérias repetitivas, sem perder de vista, contudo, a importância do trabalho humano.
“Vamos nos valer da inteligência artificial, de programas que racionalizam os processos, mas o computador não decide, não faz voto. Ele pesquisa numa base de dados e propõe decisões, que muitas vezes precisam ser corrigidas”, ressaltou. O ministro disse que é preciso combater a ideia de que a inteligência artificial vai tomar decisões. “Ela vai propor informações sobre as teses existentes, mas a decisão será sempre humana.”
Programação extensa
Ao longo de toda a manhã desta quinta-feira (2), os debatedores – procuradores, auditores federais e especialistas do mercado – discutiram temas como os avanços da inteligência artificial, a transformação digital no pós-pandemia, a modernização da infraestrutura tecnológica da Justiça Federal e a automatização no setor público.
O encontro contou também com a participação do ministro do STJ Villas Bôas Cueva, que, no primeiro dia, falou sobre “Impacto da Lei Geral de Proteção de Dados no sistema de Justiça: proteção e mineração de dados na Justiça”. O último dia será encerrado com uma palestra do ministro do STJ Marco Buzzi sobre “Os novos paradigmas da consensualidade”.
A programação completa pode ser vista aqui.
Sobre o evento
Os Encontros Nacionais de Tecnologia, Inovação e Cultura buscam promover debates sobre como processos de inovação, tecnologias emergentes e cultura digital estão inseridos no contexto da Justiça.
Diferentes instituições integrantes do sistema de Justiça já sediaram os encontros, que são divididos nos segmentos Justiça estadual, Justiça Federal, Justiça do Trabalho e Ministério Público, além das edições Justiça 4.0, voltadas para temas que estão em pauta no Judiciário.